quarta-feira, 16 de setembro de 2009

irrita-me #7: a eternidade do carregar o telemóvel



Ontem fui carregar o meu celular, visto que o facto de se aderir a um tarifário com carregamentos obrigatório implica a obrigatoriedade de carregar o dito cujo celular, claro.

Dirigi-me então ao estabelecimento comercial da minha operadora, cuja publicidade não vou efectuar - apenas digo que começa com V e acaba em ODAFONE - porque o prazo de eles retirarem a mensalidade de 10 € (peço desculpa, 9,91€) do costume, por ter aderido a um tarifário que rima com aquela droga recreativa. O quê? Bloqueiam-me o cartão se não tiver 9,91€ nele? Ui que medo! Mas pronto, não estou para me chatear...

Assim sendo, entro no espaço e deparo-me com 3 clientes para ser atendidos. Podia usar a máquina na qual basta inserir a nota e digitar o número do telemóvel, mas o que eu tinha era moedas e acima de tudo a máquina não existia. Restava então esperar.

CLIENTE Nº 1: se não era o seu primeiro telemóvel aquele que ia comprar, bem parecia. Era uma mulher que já tinha passado da crise da meia-idade, e sendo do tempo em que telemóvel ainda não passava de uma ambição, estava sempre a perguntar como se desbloqueia o telemóvel, como se activa o cartão, etc. E foram 3 (as que contei) as vezes que ela perguntou o que fazer ao outro telemóvel que ela tinha e que precisava de reparação, ao que a empregada respondeu que sem nº de contribuinte só podia voltar noutro dia. Mas os poderes manipulatórios de quem já tem uma certa idade (vocês sabem, o "não entendi bem, sou muito velhinha", aquele olhar de cachorro abandonado...)levaram a empregada a melhor e ela guardou o telemóvel numa gaveta e ela depois passaria amanhã com o nº de contribuinte. Vitória para a cliente nº 1!

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CLIENTE Nº 2: ele estava a ver o seu saldo a ser cortado às postos a cada semana que passava. Estuda-se a lição e apesar do homem insistir que não aderiu a nada das promoções do tipo clube Jamba ou a outro qualquer anúncio da televisão, vai-se a ver e ele aderiu a dois desses clubes, um pago outro não, e ele no fim já diz que telefonou para uns concursos na televisão, ou uma coisa assim. A empregada telefona para a central da operadora para identificar os clubes e como sair dos mesmos. Seria de pensar que a história acabasse aqui. Mas não! O homem está muito revoltado por lhe terem roubado o dinheiro sem ele ter aceite algo, acha que a operadora também é responsável por não tentar parar este tipo de publicidade enganosa. Aí a empregada mostra aquelas duas facetas: a pessoal, contando episódios da sua vida em que também aderiu a esses clubes na espectativa de ganhar um voucher da Zara (veja-se lá) e quando soube que tinha aderido a um clube desistiu logo, e quando telefonou para o serviço de atendimento o brasileiro foi muito mal-educado; e a profissional, dizendo que a operadora não pode ter responsabilidade desta actividade, apenas funciona como intermediário, e que as pessoas é que devem ter cuidado com estes serviços. Pois, porque estas coisas causam repúdio à rapariga, e ela acha que deve ser ilegalizado! Mas se o senhor quiser pode aderir a um movimento que pretende acabar com isso, até lhe digo o nome... Ah, e entretanto o cliente nº 3 juntou-se à festa, porque também o tinham feito isso, tiraram-lhe 4 euros por semana durante 2 anos, o coitado! E também lhe tinham atendido um brasileiro que também foi muito mal-educado. Teria sido o mesmo?, é uma pergunta muito pertinente que me coloquei na pasmaceira da altura.
E eu a ver este triste espectáculo, com o dinheiro já quente nas mãos e a bufar de impaciência. Talvez um pouco menos de ingenuidade ajudasse estas alminhas, que nem eu tenho tanta! E discutiram que não tinham assinado um contrato para lhes estarem a roubar dessa forma, que a culpa é da operadora, que é uma pouca-vergonha, que era acabar com isto tudo... No fim 2 brasileiros foram escorraçados, os clubes foram cancelados e o dinheiro não foi devolvido. Vitória para a ignorância de uns que enriquece outros!

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CLIENTE Nº 3: já com os ânimos mais calmos, ele pediu por um carregador para o isqueiro do automóvel compatível com o o celular dele, não tenho pudor em dizer que era um samsung. Vamos procurar, pensa a rapariga! Tira um, tenta ver qual é o modelo do telemóvel e se está na lista da embalagem. Não está. Vamos procurar outra vez! Procura e encontra outra, mas também não deve dar, e outra, e outra. Mas esperem, talvez seja esta! Sim, está na lista do reverso da embalagem! Então são 18,50€ (até decorei, deveras impressionante)! Mas como isto da Samsung não é de fiar, é melhor experimentar... Olha, não dá! Bem, então vou ter de anular a compra... Mas deixe-me ver melhor! Bem, vou experimentar com este carregador, não custa! Olha, também não dá... Espere, encontrei um compatível com o seu! Oh, este carregador é para a tomada, não é para o isqueiro... Bem, vai ter de procurar noutro sítio, desculpe o incómodo!

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Sou eu! Uau, e só precisei de esperar meia-hora!
Dou o meu número do celular, a quantia que desejo carregar e o respectivo dinheiro. Isto em menos de 30 segundos.
E saio dali em direcção a casa, cansado do meu primeiro dia de escola (e primeiro dia de acordar muito cedo) e fulo da vida, perguntado a Deus porque é que naquela loja não há uma máquina que carrega telemóveis, e que aceite notas e moedinhas. Se ele é assim tão bom tinha-se esforçado um pouco mais nesse aspecto!