sexta-feira, 6 de novembro de 2009

irrita-me #12: espezinhar fezes.



Não estou com a paciência para estar com eufemismos, com paninhos quentes, e outras expressões que signifiquem suavizar uma coisa que é má.

Pisar merda é uma grande merda, seja de que cu vier.

Seja de cavalo, de vaca, de coelho, de gato, de cão, de pessoa… É tudo muito pouco sanitário, e muito chato mesmo. Talvez o mais nojento seja o de pessoa porque é o que esperamos menos no chão (se bem que é sempre uma bela visão ver dejectos humanos num cantinho escuro e tapados à pressa com lenços), mas o mais irritante tem de ser o canídeo…
Lá vai o dono a passear o cão, com apenas um único objectivo: pô-lo a cagar/mijar. Porque talvez a única coisa que deixamos que o cão liberte do seu corpo são pequenos descendentes deles mesmos porque dão lucro, todos os outros resíduos quanto mais longe forem libertados melhor… E não haverá espaço melhor que a rua, claro! Daí imediatamente logo depois de inventarem o cão tiveram de inventar o passeio do cão, o “levar o Bobi ou o Pantufa à rua”…

Adiante, lá está o cão a demarcar território, a snifar tudo o que é sítio, e quando encontra o spot perfeito lá se liberta. E o dono? Levar um saquinho para recolher o produto e pôr no lixo? Naaaaaaaa… Que nojo, ter de pegar no cocó, é verdade que tem o plástico mas dá para sentir o quentinho e o viscoso das fezes… Portanto deixai-o estar no passeio, que os lixadeiros fazem o trabalho desses calões ou que sejam os pés dos veraneantes a fazê-lo! Não há problema, eu até gosto de andar a arrastar a merda com o meu sapato, limpar as ruas da merda pondo merda no meu calçado é um trabalho de cidadania que tenho muito gosto em fazer…

O que me irrita mesmo é que os cães, ou os respectivos donos, podiam escolher um escaninho ou um local onde não passasse muita gente, mas não, tem de ser mesmo no meio do passeio, onde as pessoas passam! Pois, é para que alguém pise o cocó e limpe o chão o mais rapidamente possível… Será que não há ninguém que ensine aos dois onde é que devem libertar as suas excreções? Nenhum workshop, colóquio ou uma brochurazinha que os ensine a cagar?



É que parece que as cidade e os jardins às vezes parecem autênticos campo de minas, só que em vez de ficarmos sem uma perna é muito pior, ficamos com a sola demolhada em cocó e um odor que pode ser sentido a metros, se tivermos mesmo pontaria no que pisámos.
Algumas vezes é possível sentirmos um quentinho estranho no pé ou sentimos o pé a deslizar um pouquinho, então é instantâneo: “Merda! Pisei merda…”. É logo começar a procurar um cantinho relvoso para arrastar e limpar a sola, ou se a sola for daquelas cheias de buracos muita estranhos só vai dar mesmo se andarmos a picar a merda muito delicadamente com o pau, porque também não queremos que ela salte para cima de nós.
Pior é mesmo pisarmos, não notarmos e deixarmos para trás pegadas castanhas, e quando ficamos sossegados num local que não é lá muito arejado começa a vir o cheiro estranho: ou és tu o primeiro a detectar o aroma ou nem notas, são os outros à tua volta que reparam nele. O que é que se faz, vira-se para o colega e diz-se “Epá, cheiras a merda…”? Ninguém diz isso! Portanto os outros suportam o cheiro até que ele note (se é se sabem quem é), e quando o portador notar assim que puder procura a relva e o pau. O problema é que às vezes não pode ir logo remover a caca, tem que ir tapando a sola como puder, para a vergonha não ser maior …

Eu por acaso já não tenho desses casos há algum tempo, mas tenho o orgulho de poder anunciar que há algum tempo devo ter pisado em merda 2 vezes em 10 minutos (e não era a mesma porção!)… E se dizem que pisar merda dá sorte (talvez porque o dia não pode correr pior que isso), dias depois partia o meu dente. Portanto nem quero saber o que me esperava se não tivesse pisado o cocó!

imagens aqui e aqui.

aparte terciário - a conclusão da saga do dente!

Se há algo que posso ter aproveitado nesta história do dente é que pude sugar a ingenuidade da minha turma até ao tutano, esmifrar toda a confiança que eles depositaram numa pessoa que ainda não sabem que é do mais mentiroso que há (a minha pessoa) e transformá-la num ganda Mário… Para quem não conhece o que é um “ganda Mário”, “pulling off a Mario” em inglês para os internautas internacionais, é dizer uma mentira, uma peta, uma inverdade, após a qual poderíamos dizer “Olha Mário, mais um otário”, “Look Mario, another otario”, mas com o decorrer dos séculos reduziu-se a dizer com rejubilo que efectuámos um “ganda Mário”…

Seja como for, logo depois da saga do hospital, uma saga dentro da saga do dente que aqui já foi referida, tive que ir para a escola depois do almoço, na minha única tarde ocupada com aulas, e ainda transtornado com a tragédia dental que me tinha ocorrido não me estava a apetecer falar para não mostrar a minha dentuça, o que não seria complicado porque quando cheguei já tinha começado a aula. Mas no decorrer da mesma, pensei: “why not pulling off a Mario?” E assim foi, comecei logo a magicar um plano maléfico para justificar o facto de não falar, e eventualmente o dente que me faltava, assim que reparassem.

Portanto comecei a falar da minha história de vida por gestos ou por escrito:
“Não posso falar…” Porquê? “Ontem à noite tive foi operado à garganta, foi por isso que faltei hoje de manhã às aulas, só me deram alta ao fim da manhã…” Mas foste logo operado e deram-te logo alta? “Sim, cirurgia de ambulatório, é possível.” Ai é? Mas então o que é que te aconteceu? “Não sei bem, acho que foi uma espinha que feriu a minha garganta, e quando foram ver acharam por bem operar entretanto…” Então não podes falar? “Pois, foi o que o meu médico me aconselhou, não é que não possa falar só é melhor não falar para cicatrizar melhor”. Então por quanto tempo? “Hoje e amanhã.” Epá, eu não conseguia… “Pois é complicado…”
E quando reparassem no dente…
Olha, partiste o dente? “Sim, foi durante a operação e quando estavam a entubar-me partiram-me o dente… É possível! Mas na próxima semana já prometeram corrigir os danos…” Ahhh, acho bem...

Pois, para levar este Mário avante tive de conseguir, e foi muito difícil! E o melhor é que consegui! Sou muita bom a puxar Mários…
A história até pode acontecer a qualquer um, não seria a primeira vez que alguém se ferisse com uma espinha ou partisse os dentes pelo descuido do entubador… Se alguém me ouvisse um pequeno desabafo da minha boca, dizia logo (por escrito) que não é que eu não possa, não devo é falar… E se desconfiassem da minha história, eu escrevia “E eu parti o dente e faltei de manhã por acaso!” E por acaso foi um acaso muito parvo…
Até tive o Bruno, que é um maior mentiroso do que eu, a dizer a verdade.. Portanto as pessoas não acreditavam nele e acreditavam em mim. E não basta a minha turma, até os professores acreditavam! Numa aula de biologia do dia seguinte tive a perguntar coisas à professora no papel, enquanto ela e a turma esperava que eu acabasse de escrever, e até tive a stora de química a aconselhar-me a comer gelado que ajudava a recuperar…

Só queria gritar em plenos pulmões: “Ai ca burros, ganda Mário!”
Mas não, esperei 2 dias para falar outra vez. Custou mas foi, e teve os seus frutos. Ainda hoje maior parte da turma e dos professores acha que fui submetido a cirurgia, e os que sabem a verdade ou já o sabiam antes de eu considerar em fazer isto (aos quais pedi confidencialidade) ou leram aqui.

E é assim, meus amigos, que se faz O MAIOR MÁRIO DE SEMPRE. Desafio-vos a ultrapassar-me.