sábado, 10 de abril de 2010

irrita-me #15: o google telepático

Eu google
Tu googlas
Ele e ela googla
Nós googlamos
Vós googlais
Eles e elas googlam

Eu e muita gente gostamos do Google.
Temos o Google como homepage, nos nossos favoritos, perdemos lá horas por motivos profissionais e é a nossa fonte preferida de plágio e infracção de direitos de autor.

Mas há algo que me irrita, e muito, nesta potência mundial: as sugestões de pesquisa, ou como as quiserem chamar.



Já adivinharam o que eu estava a pesquisar? Não? Pois, nem o sr. Google.
Era aquela série, Nunca Chove em Filadélfia – It’s Always Sunny in Philadelphia, aquela coisa estúpida e fartotável (derivado do latim fartotiviele, que significa “aquele que causa fartotes nos demais”) que passa na FX (éféxe, ou éfexis?).

E aparece-me o quê?
Nunca caminharás sozinho: se eu quero conhecer e confortar-me com uma entidade transcendental que vê tudo o que faço e ouve o que digo, vou a Fátima, ou mudo para a TV Record ou Canção Nova, nunca me canso daquelas curas milagrosas, e isso só ao vivo ou na TV.
Nunca curti viver à base do quase: rima bonita mas dotada de estupidez até ao tutano, não faço ideia do que é que significa e se é suposto transmitir muita sabedoria, não estou a ver qual é.
Nunca casar, ou nunca confie nas pessoas: hei-de voltar, essas prometem.
Nunca coloque a mão de um cadáver na boca: WTF? E depois não mete acentos em nada, depois esperam que a gente escreva bem.
etc etc, vocês já entenderam que é tudo menos o que pesquisei.

É bem verdade que o Google evita idas à biblioteca da escola ou municipal, aquele sítio de ares super pesados e muito desconfortável porque caem-nos logo em cima se a gente espirra, já para não falar da grande maçada que é sair de casa para ir ler livros… boring!
Sim, a isso todo o mundo agradece, mas essa coisa das sugestões de pesquisa já é a abusar. É como ir a um restaurante: tem-se a vantagem de não termos de perder tempo a cozinhar e até levam a comida à mesa, mas se a empregada começasse a mastigar a comida por nós e dar de comer à nossa boca já era esticar a corda. Ou como uma invenção que ouvi falar que era controlar a televisão por telepatia, porque já custa tanto mexer os dedinhos para carregar os botões do controlo remoto…

Há-que traçar limites, e, sr. Google, eu traço o meu nas consultas de pesquisa!

É que se é suposto o Google ser simples e tal para nos poupar tempo, isso só piora a coisa. Está a gente a escrever uma letra e já aparecem as sugestões. A gente lê e não aparece nada do que a gente quer, então a gente prime mais uma letra. Mais sugestões e a gente perde mais uma vez uns segundinhos a ver se é desta que o sr. Google sugere o que a gente quer. Mas não, só quando só falta uma letra do que queremos pesquisar é que aparece a dita na caixa de sugestões – too late my friend, já eu perdi muito tempo a ler-te e mais vale escrever a última letra.
Tanto trabalho a ler a caixa de sugestões todas as vezes que escrevíamos uma letra para nada, mais vale ela não existir.

E é isso que reivindico! Um mundo sem caixinha de sugestões, quer no Google, como no Youtube, na Wikipedia, no Ebay e todos os outros motores de pesquisa! A gente sabe escrever e carregar nas letras do teclado, acho que a gente consegue aguentar até ao fim, não tem medo das tendinites e das artroses, muito obrigado!
Eu já abdiquei das minhas caixinhas. E tu?

E se este exemplo não chega para vos demover e ficarem indignados para fazer parte deste movimento, até já há um site com muito exemplos engraçados em inglês


ps: fiquei a saber que “Nunca Coloque a mão de um Cadáver na Boca” é o nome de um romance, que promete ser uma bodega pseudo-intelectual ou simplesmente estúpido.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

irrita-me #14: as resoluções do ano novo

Porque nunca vão tornar-se realidade.

Nunca.

Digam o que quiserem, façam o que fizerem, desejem o que desejarem.

Nunca!

Mas pronto, mesmo sabendo que neste ano passado não resultou lá muito bem, não custa lá tentar outra vez. Bora lá comer passas!

E passa o ano e nada acontece. Epá, não se perde nada em tentar só mais uma vez, desta vez vou usar a roupa interior que dizem dar sorte, pôr-me em cima de uma cadeira à meia-noite e sair dela com o pé direito (jesus nos valha se fôr com o esquerdo!). É desta!

Não foi desta. Porque será? Eu tinha a cueca azul e a cadeira até ficou suja do cocó que tinha pisado à 10 minutos!!! (o que supostamente devia ter adido alguma sorte...)
Não se entende...

Mas vou tentar outra vez este ano, tenho um feeling que é desta!


E o ciclo repete-se todos os anos, e todos os anos nada acontece.
Parecemos o gato escaldado que continua a ir à agua fria, na esperança que já tenha aquecido.
Aquele que tenta ir sempre ao bebedouro que não funciona quando tem sede, na esperança de o terem arranjado.
Aquele que tenta 100 vezes seguidas ir ao site que está em manutenção ou que simplesmente não existe, na esperança de já estar funcional.
Aquele que calça o mesmo ténis na esperança que já não faça bolhas.
Aquele que experimenta inúmeras vezes no aparelho electrónico avariado, na esperança de se ter auto-arranjado.
Aquele que volta a uma loja 5 minutos depois, na esperança que o "Volto Já" escancarado na porta não seja um "Fiz uma pausa para o café e aproveito para fazer umas compras e pôr a conversa em dia, só daqui a 1 hora vale a pena voltar", que geralmente significa.
Eu sei, as minha comparações não são dignas de Shakespeare.

Pior é mesmo para aqueles que não gostam de passas, do seu sabor super doce e textura ascerosa. Aí até se faz um sacrifício pelas resoluções de ano novo, escolhe-se as passas mais pequenas (12 ainda por cima, tantas!), engole-se uma vez sem mastigar e torce-se para que tudo se concretiza, em nome do sacrifício que se acabou de fazer. Mas a sorte não torce para quem não gosta de passas.

Portanto aqui sugiro que se faça as NÃO-RESOLUÇÕES. É simples, basta arranjarmos nas nossas resoluções e pedir o inverso, ao menos sabemos assim que a sorte estará no nosso lado. Assim vale a pena comer passas!

Aqui estão algumas minhas:

1: No máximo vou ganhar o 10º prémio do Euromilhões;

2: A saúde não vai estar nas melhores condições, a gripe A anda por aí e deve-me esperar uma dor de barriga, uma febre e quem sabe um dente partido;

3: Vou engordar 10 quilos, depois de ter afogado as mágoas em gelado quando não conseguia emagrecer 10 quilos;

4: O trabalho vai manter-se na mesma, e o stress também. Só com muito afinco vou ter um aumento de 1%, mas isso requer doses ainda mais elevadas de stress, e o que tenho já chega;

5: As posses materiais serão as mesmas (nada de casa nova ou carro novo) porque o trabalho é o mesmo;

6: Vou ficar em Portugal e visitar as Berlengas não é desta que vou às Maldivas;

7: Não vou deixar de fumar, ou beber menos;

8: A minha cultura e educação vai manter-se mais ou menos na mesma, não vou aprender nada de especial;

9: O círculo de amigos continuar-se-á fechado aos meus amigos, não vou querer conhecer ninguém nem ajudar ninguém,

10: A desorganização vai ser a mesma, a independência vai ser a mesma, o desenrasco vai ser o mesmo.

11: Carpe Diem é para os otários.

12: Não me vou esquecer de comprar as cuecas azuis para o ano novo, que dizem dar sorte.

Tentem vocês também!!!!

sábado, 26 de dezembro de 2009

irrita-me # 13: o jingle de natal

O hiato foi grande, eu sei.
E tudo deve-se à escola, e aos testes, e às apresentações, e aos trabalhos de grupo, para todos malditos e amaldiçoados por todos. Mas essa irritação fica para outra altura, quando a pressão e pânico tomarem dimensões catastróficas na época antecedente aos exames nacionais e testes de equivalência à disciplina, dignas de mais um blockbuster de robert zemeckis ou james cameron - que por coincidência será outra irritação.

Mas estamos em época do Natal, ou Hannukah para os judeus, ou uma época de nada de especial para os islâmicos (sei lá), ou uma época de troca de presentes para os ateus e não praticantes. Ou seja, uma época de solidariedade, de paz e alegria, onde não é suposto haver irritações.

Mas há uma coisa que me irrita e supera esse estado de espírito que vem uma vez ao ano.

Os jingles de natal.

Caramba, são lançados dezenas de milhares de albuns, o que implica o que deve ser perto de milhões de músicas (se algumas sequer merecem tal estatuto), e não é possível criar nem que seja uma musiquinha de natal que não seja uma cover da do ano passado, ou de há 30 anos? Serás pedir muito?

É verdade, o bob dylan até lançou um cd de natal este ano, mas isso são frequências que nem todos os ouvidos conseguem captar e apreciar. Portanto ficamos entalados com estas!:









Mas mais irritante que a original deve ser mesmo esta, no meio de outras milhares de covers. Em vez que nas de cima é o seu replay constante que me irita, esta tem a magnífica capacidade de em 10 segundos não conseguir ouvir mais:



Mas não é só! Depois há aquelas que não têm direitos de autor, logo a sua proliferação é muito maior, que nem uma praga...





Acho que já perceberam, não vou maçar mais...

É que mesmo que eu não queira ouvir, basta andar por um centro comercial, ir a uma das várias aldeias do natal espalhadas pelo país, etc. para gramar com estas melodias... Mesmo que eu não queira que me desejem "um bom natal para todos nós", tenho de ouvir os putos do coro a repeti-lo vezes sem conta até os ouvidos começarem a sagrar. Ainda se mudassem de ano em ano, tudo bem, mas elas repetem de 10 em 10 minutos! Será que há assim tão poucas músicas de natal?

O meu apelo é não só que criem mais jingles de natal (e não estou falar de covers das músicas velhas! quero originalidade!), mas que dêem mais atenção aos outros indivíduos que até os criam, mas ninguém quer ouvir, porque as pessoas preferem mais do mesmo, entenda-se lá porquê... Tipo isto:





E é com estes e não com os de cima que eu desejo um boas festas a todos.

Porque desejar um feliz natal com uma música do Crazy Frog para mim tem o mesmo significado que escreve-lo com uma caneta vermelha, tavez até seja um maor insulto.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

irrita-me #12: espezinhar fezes.



Não estou com a paciência para estar com eufemismos, com paninhos quentes, e outras expressões que signifiquem suavizar uma coisa que é má.

Pisar merda é uma grande merda, seja de que cu vier.

Seja de cavalo, de vaca, de coelho, de gato, de cão, de pessoa… É tudo muito pouco sanitário, e muito chato mesmo. Talvez o mais nojento seja o de pessoa porque é o que esperamos menos no chão (se bem que é sempre uma bela visão ver dejectos humanos num cantinho escuro e tapados à pressa com lenços), mas o mais irritante tem de ser o canídeo…
Lá vai o dono a passear o cão, com apenas um único objectivo: pô-lo a cagar/mijar. Porque talvez a única coisa que deixamos que o cão liberte do seu corpo são pequenos descendentes deles mesmos porque dão lucro, todos os outros resíduos quanto mais longe forem libertados melhor… E não haverá espaço melhor que a rua, claro! Daí imediatamente logo depois de inventarem o cão tiveram de inventar o passeio do cão, o “levar o Bobi ou o Pantufa à rua”…

Adiante, lá está o cão a demarcar território, a snifar tudo o que é sítio, e quando encontra o spot perfeito lá se liberta. E o dono? Levar um saquinho para recolher o produto e pôr no lixo? Naaaaaaaa… Que nojo, ter de pegar no cocó, é verdade que tem o plástico mas dá para sentir o quentinho e o viscoso das fezes… Portanto deixai-o estar no passeio, que os lixadeiros fazem o trabalho desses calões ou que sejam os pés dos veraneantes a fazê-lo! Não há problema, eu até gosto de andar a arrastar a merda com o meu sapato, limpar as ruas da merda pondo merda no meu calçado é um trabalho de cidadania que tenho muito gosto em fazer…

O que me irrita mesmo é que os cães, ou os respectivos donos, podiam escolher um escaninho ou um local onde não passasse muita gente, mas não, tem de ser mesmo no meio do passeio, onde as pessoas passam! Pois, é para que alguém pise o cocó e limpe o chão o mais rapidamente possível… Será que não há ninguém que ensine aos dois onde é que devem libertar as suas excreções? Nenhum workshop, colóquio ou uma brochurazinha que os ensine a cagar?



É que parece que as cidade e os jardins às vezes parecem autênticos campo de minas, só que em vez de ficarmos sem uma perna é muito pior, ficamos com a sola demolhada em cocó e um odor que pode ser sentido a metros, se tivermos mesmo pontaria no que pisámos.
Algumas vezes é possível sentirmos um quentinho estranho no pé ou sentimos o pé a deslizar um pouquinho, então é instantâneo: “Merda! Pisei merda…”. É logo começar a procurar um cantinho relvoso para arrastar e limpar a sola, ou se a sola for daquelas cheias de buracos muita estranhos só vai dar mesmo se andarmos a picar a merda muito delicadamente com o pau, porque também não queremos que ela salte para cima de nós.
Pior é mesmo pisarmos, não notarmos e deixarmos para trás pegadas castanhas, e quando ficamos sossegados num local que não é lá muito arejado começa a vir o cheiro estranho: ou és tu o primeiro a detectar o aroma ou nem notas, são os outros à tua volta que reparam nele. O que é que se faz, vira-se para o colega e diz-se “Epá, cheiras a merda…”? Ninguém diz isso! Portanto os outros suportam o cheiro até que ele note (se é se sabem quem é), e quando o portador notar assim que puder procura a relva e o pau. O problema é que às vezes não pode ir logo remover a caca, tem que ir tapando a sola como puder, para a vergonha não ser maior …

Eu por acaso já não tenho desses casos há algum tempo, mas tenho o orgulho de poder anunciar que há algum tempo devo ter pisado em merda 2 vezes em 10 minutos (e não era a mesma porção!)… E se dizem que pisar merda dá sorte (talvez porque o dia não pode correr pior que isso), dias depois partia o meu dente. Portanto nem quero saber o que me esperava se não tivesse pisado o cocó!

imagens aqui e aqui.

aparte terciário - a conclusão da saga do dente!

Se há algo que posso ter aproveitado nesta história do dente é que pude sugar a ingenuidade da minha turma até ao tutano, esmifrar toda a confiança que eles depositaram numa pessoa que ainda não sabem que é do mais mentiroso que há (a minha pessoa) e transformá-la num ganda Mário… Para quem não conhece o que é um “ganda Mário”, “pulling off a Mario” em inglês para os internautas internacionais, é dizer uma mentira, uma peta, uma inverdade, após a qual poderíamos dizer “Olha Mário, mais um otário”, “Look Mario, another otario”, mas com o decorrer dos séculos reduziu-se a dizer com rejubilo que efectuámos um “ganda Mário”…

Seja como for, logo depois da saga do hospital, uma saga dentro da saga do dente que aqui já foi referida, tive que ir para a escola depois do almoço, na minha única tarde ocupada com aulas, e ainda transtornado com a tragédia dental que me tinha ocorrido não me estava a apetecer falar para não mostrar a minha dentuça, o que não seria complicado porque quando cheguei já tinha começado a aula. Mas no decorrer da mesma, pensei: “why not pulling off a Mario?” E assim foi, comecei logo a magicar um plano maléfico para justificar o facto de não falar, e eventualmente o dente que me faltava, assim que reparassem.

Portanto comecei a falar da minha história de vida por gestos ou por escrito:
“Não posso falar…” Porquê? “Ontem à noite tive foi operado à garganta, foi por isso que faltei hoje de manhã às aulas, só me deram alta ao fim da manhã…” Mas foste logo operado e deram-te logo alta? “Sim, cirurgia de ambulatório, é possível.” Ai é? Mas então o que é que te aconteceu? “Não sei bem, acho que foi uma espinha que feriu a minha garganta, e quando foram ver acharam por bem operar entretanto…” Então não podes falar? “Pois, foi o que o meu médico me aconselhou, não é que não possa falar só é melhor não falar para cicatrizar melhor”. Então por quanto tempo? “Hoje e amanhã.” Epá, eu não conseguia… “Pois é complicado…”
E quando reparassem no dente…
Olha, partiste o dente? “Sim, foi durante a operação e quando estavam a entubar-me partiram-me o dente… É possível! Mas na próxima semana já prometeram corrigir os danos…” Ahhh, acho bem...

Pois, para levar este Mário avante tive de conseguir, e foi muito difícil! E o melhor é que consegui! Sou muita bom a puxar Mários…
A história até pode acontecer a qualquer um, não seria a primeira vez que alguém se ferisse com uma espinha ou partisse os dentes pelo descuido do entubador… Se alguém me ouvisse um pequeno desabafo da minha boca, dizia logo (por escrito) que não é que eu não possa, não devo é falar… E se desconfiassem da minha história, eu escrevia “E eu parti o dente e faltei de manhã por acaso!” E por acaso foi um acaso muito parvo…
Até tive o Bruno, que é um maior mentiroso do que eu, a dizer a verdade.. Portanto as pessoas não acreditavam nele e acreditavam em mim. E não basta a minha turma, até os professores acreditavam! Numa aula de biologia do dia seguinte tive a perguntar coisas à professora no papel, enquanto ela e a turma esperava que eu acabasse de escrever, e até tive a stora de química a aconselhar-me a comer gelado que ajudava a recuperar…

Só queria gritar em plenos pulmões: “Ai ca burros, ganda Mário!”
Mas não, esperei 2 dias para falar outra vez. Custou mas foi, e teve os seus frutos. Ainda hoje maior parte da turma e dos professores acha que fui submetido a cirurgia, e os que sabem a verdade ou já o sabiam antes de eu considerar em fazer isto (aos quais pedi confidencialidade) ou leram aqui.

E é assim, meus amigos, que se faz O MAIOR MÁRIO DE SEMPRE. Desafio-vos a ultrapassar-me.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

irrita-me #11: filas dos hospitais



Bem, como aqui já foi referido logo no dia seguinte fui ao hospital para ver se me arranjavam o dente, com o bocadinho da massa no bolso. Nem sabia no que me estava a meter.

o dia anterior, no mesmo dia em que parti o dente, fui logo ao hospital paa saber se podiam arranjar logo a altura. Pois claro! Estomatologista só há às terças e quintas de manhã, ou uma coisa assim. Ainda bem que o dia seguinte era terça, era só faltar a uma aula e já está. Pois claro!

Então acordei à hora do costume mas em vez de ir para a esquerda para a escola virei para a direita, apontando para o hospital.
Como era de modos que uma urgência, pelo menos para mim, dirigi-me às urgências, até porque não conhecia outra entrada do hospital, foi sempre por aí. E como tinha a sorte de ainda possuir 17 anos pude entrar na parte da pediatria, onde ainda não estava ninguém, porque se fosse na salinha dos adultos a espera que me esperava era bem grande. Portanto era logo atendido. Pois claro!

Espera 1: O problema é que o balcão de recepção atendia a pediatria e a obstretícia. E devo dizer que nunca vi tanta grávida no mesmo compartimento, nem sei bem por onde surgiam. Ou seja, até a única funcionária as despachar foi uma hora ao balcão. Mas fui atendido. E disseram-me para... esperar, pois claro!

Espera 2: Pois esperei. Mais meia-hora à porta na expectativa de chamarem pelo meu nome através do comunicador que me permitisse atravessar o portal. E lá chamaram. Mas fui logo atendido? Pois claro! Era apenas uma mulher que registou o computador o acontecimento e deu-me uma pulseira super cool. No fim disse para esperar na sala.

Espera 3: E claro que esperei (habituem-se a esta palavra, não fiz outra coisa). Mais uma meia-hora, para que fosse chamado pelo mesmo comunicador que me dirigiria a um médico que soubesse o que fazer. Pois claro! Quando atravessei o portal novamente...

Espera 4: ...esperei mais 10 minutos umas cadeiras para que uma enfermeira me dirigisse ao balcão das consultas externas onde marcaria a consulta de estomatologia. Estava mais perto de ter a minha detição de volta... Pois claro!

Espera 5: Estava à espera de um balcãozinho com umas 20 pessoas, era um hiper-balcão com 8 sítios de atendimento. E deviam estar à espera mais de 100 pessoas à sua volta. Parecia que tinham aberto as comportas dos lares, ou que era dia da consulta dos indivíduos de 3ª idade, porque os velhos dominavam o território. E depois de senha tirada, esperei. 20 minutos, desta vez. Lá a senhora robótica do computador me chamou e lá fui marcar a consulta para a estomatologia, onde pensei que seria só mais uma meia-hora. Pois claro!

Espera 6: Deviam estar 25 pessoas num escaninho de 10m2, claro que era para estomatologia e neurologia, mas as consultas de dentista não costumam ser breves, e logo quando só há um. Apaguei a caixa de mensagens lotadas, falei ao telefone com pessoas perplexas com a minha situação, li jornais, li muitos jornais, resignei-me à espera, entrei em pânico pela espera ser tanta e já tinham passado o meu número, mas o fim ouvi o meu número. Hora e meia depois. Mas ia te o meu dente de volta! Pois claro...

"Então mostra lá o que te aconteceu. O quê, guardaste a massa? Pois isso não te vai servir para nada, não colamos massa. E não temos por aqui massa desta cor, acho eu. Bem, vais ter de voltar para a semana, aí já te podemos pôr a massa e terá o teu dete de volta. Humm, não vá o diabo tecê-las é melhor marcar um raio-x aos dentes, porque não? Até para a semana!"
Escusado será dizer que saí de lá um poucachiho frustrado, irritado. Uma manhã perdida para marcar uma consulta de estomatologia? Uma semana com a dentuça partida, alvo de chacota por 7 dias? 168 horas sem conseguir comer, falar, roer, viver? Maldito pacote de ketchup!!!

Espera 7: Voltei ao hiper-balcão para registar a consulta. Mais um quarto de hora, vá. Mas ainda tinha de ir marcar o raio-x, sabe-se lá porquê.

Espera 8: 30 pessoas na Imagiologia, claro que não era tudo para marcar consulta, mas para isso era preciso tirar uma senha que as funcionárias não estavam a chamar. Portanto era meter-me na fila que se formava e esperar que fosse atendido, mas na confusão só seria um quarto depois. E quando a funcionária estava a marcar a consulta, reparou que a hora de marcação de estomatologia estava para as 12:30 em vez das 17:30h.
Tive que voltar à estomatologista para falar com o senhor doutor e falar no engano, mas aí não quis esperar, foi logo.

Espera 9: Problema resolvido fui de volta à recepção nas urgências pediátricas para buscar a declaração para justificar uma manhã perdida a escola. E arrancaram-me a minha pulseira super cool! Mais outro quarto de hora perdido.

Ahhh, por pouco não chegava às 10 esperas!
E devo ter saído de lá ás 12:30h, irritado comó caraças, que eu detesto esperar, especialmente se é para ada. Agora só volto a meter os pés num hospital para arranjar o dente na terça ou se tiver demasiado inconsciente para recusar!

Cumps

imagem aqui

aparte secundário!

E já agora, alguém já viu aquele anúncio publicitário do Hextril, em que a mulher fala de todas as coisas que ela agora consegue fazer desde que começou a tomar esse dito elixir, não da vida mas sim da higiene dentária e bocal?

Ela fala que pode dar boas trincadas na comida, etc e tal, já sabem como é, e a meio mostra que já coosegue abrir pacotes de molhos com os dentes! Isto é um ultraje!

Não sei se será mania da perseguição, mas isto só pode ter sido feito para me irritar! Que outra razão é que haverá?
Se se é mesmo assim etão devo dizer que vós, senhores da publicidade da Hextril, falharam redondamente na vossa missão, que apenas deu-me vontade de rir quando visualizei essa pequena pérola...

Infelizmente ainda não encontrei esse anúncio, mas com todo o gosto o porei aqui assim que o encontrar...

Cumps